As relações afetivas são consideradas pela maioria das pessoas, como a parte mais

importante das suas vidas (Hinde e Stevenson-Hinde, 1988; Skolnick, 1994)

Relações marcadas por suporte, carinho, disponibilidade e segurança aumentam a autoestima e proporcionam o desenvolvimento de capacidades de aprendizagem. No entanto, também há relações afetivas com a família, os amigos e envolvimentos românticos que podem estar ligados a grande sofrimento e a diversos tipos de problemas ao longo da vida. Isto é, as relações afetivas estabelecidas podem ser fatores de vulnerabilidade ou de proteção individuais.

As relações afetivas negativas estabelecidas precocemente representam uma contribuição significativa para o desenvolvimento duma vulnerabilidade individual a problemas de saúde mental. Ou seja, as experiências afetivas iniciais com os pais são a base para relações afetivas futuras. As primeiras interações da criança com a figura de vinculação são o pilar que vai permitir a representação da relação com os outros. Ao longo da vida, as emoções e os afetos são entendidos como dependentes da formação, manutenção, quebra ou renovação das relações afetivas.

A vinculação inicial estabelece o padrão e influencia relações futuras sendo, deste modo, indiretamente responsável pela saúde mental na idade adulta. Assim, a criança com défices de vinculação terá elevada probabilidade de manter dificuldades relacionais ao longo da vida, o que lhe causará problemas de diversa ordem. Por outro lado, ter tido uma vinculação segura aos pais, uma relação afetiva de qualidade, possibilitará à criança um crescimento adequado que terá como corolário, não a sua dependência mas a sua autonomia. Um dia, deixará a casa paterna para se vincular e relacionar de forma adequada e preferencial com uma outra pessoa e também com os seus próprios filhos.

Daqui resulta que uma relação interpessoal, na sua definição, subentende dois indivíduos com impacto um no outro ou de tal forma interdependentes que mudanças operadas num deles acarretam implicações no estado do outro. Por sua vez uma relação amorosa providencia uma base de segurança e a presença de aspectos sexuais. Além disso, qualquer relação entre individuos, em termos gerais, inclui um dos seguintes elementos: afeto, afirmação e ajuda. Contudo, quando há uma ligação emocional, implica que seja duradoira, em que o parceiro é importante como individuo único, que não poderá ser substituído por nenhum outro. É caraterístico desejar manter proximidade do parceiro (existindo resistência a fatores como a ausência ou separação e o desejo intermitente para restabelecer a proximidade e a interação); a perceção da reunião como agradável; as separações serem causadoras de stress e a perda permanente ser sentida como dolorosa.

É de salientar que uma ou várias relações interpessoais podem ser importantes para uma pessoa, sem isso implicar ligações afetivas, em geral, ou vinculação, em particular. No entanto, as relações interpessoais que possuem caraterísticas de ligações afetivas parecem ser as mais relevantes e significativas de toda a esfera social, pelo papel que desempenham no desenvolvimento humano.

Clara Conde