O ano de 2012 foi arrasado por uma crise económica com repercussões mundiais e que muito tem afetado, em especial, o povo português. Fatos noticiosos dão conta do aumento de casos de fome, nomeadamente, crianças subnutridas, jovens adultos desempregados e a viver à custa do apoio financeiro dos pais, adultos de meia-idade destituídos dos seus postos de trabalho devido ao fecho em massa de empresas, o aumento do recurso às instituições de apoio às famílias na ajuda alimentar e nas necessidades básicas, o aumento consequente de vandalismo, recurso a drogas e álcool, morte por suicídio e, em contornos crescentes, a taxa de emigração, em grande medida de jovens adultos desesperados.
Trata-se de uma situação política e económica promotora de stress, sendo que a incerteza que a sociedade impele às organizações estão diretamente ligadas ao trabalhador. O stress ocorre, assim, sempre que enfrentamos uma situação e, o fenómeno corporal e psicológico resultante, é importante para se reunir força e energia de confronto. Porém um alto nível de stress provoca sintomas físicos e psicológicos desfavoráveis que, ao invés de ajudar no enfrentamento, vai bloquear e prejudicar todo o funcionamento do organismo.
Desta forma, os sintomas físicos do stress são o cansaço constante, fadiga, insónia, falta de apetite, neurastenia, etc. Os sintomas psicológicos são a irritação excessiva, depressão, agressividade, pensamentos obsessivos, ciume excessivo, ansiedade, tiques ou manias, falta de concentração, etc.
Além disso, o stress tem trazido avanços no esclarecimento de doenças psicossomáticas, nas quais frustrações, problemas afetivos, insucessos, acarretam distúrbios orgânicos. Ou seja, se estamos preocupados, tensos ou ansiosos, o nosso corpo tem a tendência a adoecer mais facilmente.
Um das causas do stress é o índice de desemprego se encontrar muito alto, as cobranças e os requisitos para conseguir um emprego são cada vez mais exigentes, atualmente o mercado estipula condições que fogem da área dos conhecimentos do sujeito e os estudos não garantem ao empregado um bom salário ou um bom emprego, como é sonhado e desejado por todos, quando se faz uma escolha profissional.
Assim sendo, os efeitos psicológicos identificados como ligados ao desemprego, incluem-se resignação, autoestima negativa, desespero, vergonha, apatia, depressão, desesperança, sensação de inutilidade, perda de objetivo, passividade, letargia e indiferença. Entre os efeitos sociais incluem-se pobreza, perda de estatuto social, perda de disciplina temporal e rotina diária, desagregação da vida familiar, incluindo o divórcio e várias formas de comportamento antissocial, incluindo roubo, tráfico e vandalismo. No que se refere aos efeitos físicos, incluem-se várias formas de doença, insónia, tensão e ansiedade, resultando às vezes em abuso de álcool, drogas, violência intrafamiliar, maus tratos a crianças e tentativa de suicídio.
Sendo assim, as incertezas que advém do estado da sociedade giram em torno, não só, do desemprego, como também na manutenção do emprego por parte de quem ainda o tem, do salário, da aflição que resulta da possível perda de algo que se conseguiu com muita energia e esforço.
No contexto de trabalho poderá surgir, então, o Stress Ocupacional como uma resposta do trabalhador frente à sua inabilidade ou incapacidade para enfrentar as exigências do seu trabalho, gerando assim, desconforto, mal-estar e sofrimento, desenvolvendo alterações emocionais e físicas, que prejudicam o equilíbrio vital, devido a acontecimentos relacionados como o tipo de vida que se leva em sociedade, ou seja, os stressores psicossociais.
As reações mais comuns no stress ocupacional são o cansaço, neurastenia, fadiga excessiva, irritação excessiva, agressividade, desânimo, depressão, dores musculares, alterações cardíacas, aumento da pressão arterial, dores de cabeça, etc.
Em situações limite pode surgir um quadro de Burnout que se refere à resposta emocional diante das situações de trabalho, habitualmente de intenso contato com pessoas, onde se exercem grandes pressões em relação à produtividade e onde os obstáculos organizacionais interferem na obtenção do resultado individual desejado.
A exaustão emocional resultante é determinada por uma falta de energia, entusiasmo e sentimento de esgotamento de recursos. A diminuição da realização pessoal e profissional culmina com a disposição do trabalhador exercer uma autoavaliação negativa quanto ao seu trabalho, sentindo-se infeliz consigo mesmo e insatisfeito quanto ao desenvolvimento profissional.
São os workaholics (pessoas viciadas, dependentes de trabalho), cujo tipo de personalidade é favorável ao desenvolvimento de Stress Ocupacional.
No entanto, a par de tudo aquilo que de mais nocivo se disse a respeito dos efeitos nefastos do stress, faz-se necessário acrescentar que este pode também provocar mudanças positivas no indivíduo como, crescimento pessoal, domínio e controle de si mesmo e capacidade de superação. Trata-se aqui do uso do termo eustress, que é um stress positivo, pois é quando o esforço de adaptação despendido pelo organismo gera realização pessoal e bem-estar.
Tal acontece porque um fator de stress compreende aspetos cognitivos, comportamentais e fisiológicos, visando propiciar uma melhor perceção da situação e das suas exigências, assim como o processamento mais rápido da informação disponível, possibilitando uma procura de soluções, selecionando condutas adequadas e preparando o organismo para agir de maneira rápida e vigorosa.
Do exposto, procura-se fomentar uma visão de otimismo de que, muito embora as atuais dificuldades, a atual conjetura do país e do mundo, as carências e falta de realizações, as frustrações, desigualdades e corrupções, é urgente canalizar a energia vital para mecanismos mais saudáveis, de luta por um espaço próprio e individualizado, onde o potencial tenha forma de se concretizar, sem medo que as falhas impeçam a concretização dos objetivos.
Clara Conde