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Omnipotência Infantil

 

Quando o seu filho se põe a dizer obstinadamente "não" a tudo (não ao banho, não a vestir-se, não a calçar os sapatos, não a deitar-se, etc.) encontra-se em fase de oposição, demonstrando omnipotência infantil. 

Trata-se de uma passagem obrigatória no desenvolvimento da criança, iniciando-se no final do primeiro ano de vida e arrastando-se pelo menos pelos dois anos seguintes e, muitas vezes, durante mais tempo, quando não é devidamente bem solucionada. De fato há que ter em conta que o adulto que será um dia é praticamente "fabricado" neste período crítico da sua vida. Portanto, é absolutamente imperativo, sob pena de comprometer todo o resto da aventura de vida da criança, que a figura parental não a deixe mover-se à sua vontade sem reagir. Porque quanto mais demorar a intervir, mais ela lançará âncora na crença errada ("podes ter tudo e tens direito a tudo") e na visão do mundo que daí decorre. 

De fato, esta omnipotência infantil poderá até comprometer gravemente a sua escolaridade, por mais inteligente que a criança seja. 
Desta forma, durante meses e meses os pais devem exercer uma vigilância a todo o instante, mantendo-se firmes ao responderem àquilo que devem tomar como um comportamento agressivo. Isto porque os meses que se seguirão vão fazer com que as manifestações variem, se multipliquem e aumentem de intensidade. Serão os episódios de choros injustificados, dos inúmeros caprichos, das recusas reiteradas de toda a espécie. Devem dar sempre lugar à mesma atitude: uma reacção firme destituída de qualquer espécie de compreensão, mas nunca destituída de amor e eventualmente acompanhada de comentários (mas nunca explicações ou justificações), na condição, no entanto, de nunca serem humilhantes. A troça e a humilhação são expressões mortíferas e destruidoras. 
Poder-se-à então dizer, com toda a calma mas em tom firme: "Está bem, já percebi que és capaz de dizer "não". Pronto, mas vamos fazer, mesmo assim, o que eu decidi."
No entanto, há que clarificar que a criança leva tempo a deixar-se convencer da inanidade da crença que forjou e que a leva a optar pelas suas condutas. Portanto, pais, mantenham-se persistentes e calmos até se darem conta das mudanças que irão, invariavelmente, acontecer. 
Em suma, é preciso criar os filhos de um modo "ditatorial" para fazer deles, mais tarde, democratas, porque podemos ter a certeza de que fazemos com que eles sejam, mais tarde, os maiores fascistas que existem se os criarmos de um modo democrático. 
Contudo, também sem desejar que o seu filho se torne um "carneirinho", há que dar à criança a possibilidade de se exprimir antes de você reagir.

 

Clara Conde