É sabido que os sentimentos são a forma específica em que o indivíduo reflete a realidade. Os sentimentos expressam o grau em que se vêm satisfeitas as necessidades mais complexas e variadas que foram educadas no indivíduo. Além disso, os sentimentos expressam a atitude da pessoa face ao que a rodeia.
Nos sentimentos da criança de um ano manifestam claramente a sua dependência social. A criança não apenas mostra alegria quando está alimentada ou quando dormiu bem, mas também muito especialmente quando fala ou joga com uma pessoa adulta íntima, quando esta lhe sorri, canta uma canção ou, simplesmente, se encontra perto dela.
Surgem nas crianças sentimentos completamente novos, especialmente de caráter cognoscitivo, motivados pelos seus contínuos enfrentamentos a novos fenómenos da realidade e a assimilação da linguagem. Surge assim o orgulho, a satisfação de si mesmo, a autonomia, a insegurança, a alegria pelo êxito e demais sentimentos humanos superiores.
Quando o adulto expressa uma e outra vez a sua atitude face a algo, mediante umas palavras determinadas, matizadas pelos seus próprios e autênticos sentimentos, esta atitude do adulto passa logo a ser também a atitude da criança, que se manifesta através dos sentimentos correspondentes. O adulto acompanha sempre uma valorização e uma atitude perante fenómenos e objetivos, de forma a educar os sentimentos. Tal alcança-se mediante determinadas palavras, a entoação, a mímica, assim como outros meios expressivos.
Na idade pré-escolar começam a formar-se os sentimentos elevados. A criança tem de conhecer, ver e viver muitas coisas, estabelecer conexões corretas entre os objetos e fenómenos que percebe, assim como entre os dados corretos isolados da realidade circundante. Unicamente sobre a base de um sistema de associações já formado podem os juízos estimativos dos adultos suscitar a correspondente reação emocional, e fundamentada ao mesmo tempo, por parte da criança. A experiência dos educadores melhor preparados demonstra que a educação dos sentimentos deve iniciar-se, precisamente, dando a conhecer às crianças um conteúdo que lhes seja acessível e exequível. Só assim se pode educar o primeiro sentimento, mesmo que confuso, que logo se há-de transformar numa atitude consciente e fundamentada da criança face ao que a rodeia.
Em cartas ocasiões, o educador começa por suscitar, precisamente, os sentimentos das crianças, por exemplo, o sentimento de alegria pelo trabalho realizado conjuntamente, o sentimento estético que produz a observação da natureza ou a audição da música. Contudo, neste caso, é necessário construir, até certo nível, uma base determinada de conhecimento, sem a qual não cabe pensar no desenvolvimento de emoções humanas elevadas. É indubitável que quanto mais fundamento tenham os sentimentos que se educam, tanto mais firmes serão e tanto mais hão-de determinar o comportamento, os juízos e as ações isoladas da criança.