Autoestima
A autoestima, por definição, é o somatório do sentimento de competência social e o sentimento de valor pessoal sendo, deste modo, o componente avaliador do autoconceito (como achamos que somos e que caraterísticas possuímos). Assim, alguém com autoestima elevada sente-se confiantemente adequado à vida, competente e merecedor, enquanto que alguém com autoestima baixa sente-se inadequado à vida e errado como pessoa.
A autoestima, na origem da sua formação, surge através dos olhos das figuras importantes do mundo da criança que assim vai adquirindo a ideia de como ela é, à semelhança do outro. Ou seja, a criança vê-se a si mesma, através do espelho das opiniões e expetativas dos outros – mãe, pai, irmãos, amigos -, que têm importância para ela.
Assim, a autoestima é o produto de contingências de reforço, sendo que quando uma criança se comporta de maneira positiva, assim os pais oferecem, como consequência, alguma forma de atenção, carinho, abraço, sorriso, gratificando assim o seu filho. Pelo contrário, se toda a vez que a criança atua, é repreendida, criticada, afastada, não tocada, nem ouvida, gera uma forma de punição no filho, diminuindo a perceção que faz de si mesma.
Assim se forma um padrão de vinculação mãe/cuidador-bebé que, se for seguro, indica a perceção de si mesmo como merecedor e digno dos cuidados dos outros, combinando com expetativas de que os outros estão acessíveis, disponíveis e que respondem de forma adequada às suas necessidades. Já no padrão de vinculação preocupado, indica a perceção de si próprio como não merecedor dos cuidados dos outros, conjugada com uma avaliação positiva destes últimos. O padrão evitante-com medo, carateriza-se pela perceção do próprio como não merecedor dos cuidados dos outros, combinado com uma avaliação destes como pessoas em quem não se pode confiar. Por último, o padrão evitante-desligado combina a perceção de si próprio como merecedor dos cuidados dos outros com a representação destes como não respondendo às suas necessidades.
Daqui se conclui que qualquer disfunção nas relações de vinculação durante a infância, reflete-se necessariamente no desenvolvimento do autoconhecimento futuro.
Assim sendo, com base nas interações estabelecidas com as figuras mais significativas, a criança constrói representações cognitivas que englobam aspetos sobre si própria, o outro e a sua relação com o outro, que lhe servem de orientação face a novas experiências relacionais.
À medida que as interações se tornam mais complexas e mais abrangentes, mais detalhes são acrescentados à imagem de si próprio, mas moldados já pela imagem de si inicial que adveio dos pais ou cuidadores.
Assim, novos relacionamentos posteriores promovem a revisão dos modelos já existentes de perceção de si e do outro, sendo por isso mais resistente à mudança, mas ainda assim com capacidade para serem revistos e reformulados. Desta forma, podem formar-se novos modelos de si mesmos com os outros, novos esquemas emocionais.
Já na adolescência dá-se conta da importância da qualidade da relação com a família nos mais variados aspetos, nomeadamente, no ajustamento académico, no que se refere à satisfação com a escola, e as representações de si próprio (autoestima e autoconceito). Aqui contribui o suporte emocional que a família está capaz de fornecer, influenciando positivamente a perceção de competência, as relações com os pares e a motivação escolar do jovem.
Nesta fase da vida do individuo é extremamente importante a questão da aparência física, sendo esta a que melhor prediz a autoestima. Assim surgem as comparações entre colegas, a necessidade de reconhecimento, já que estes assumem um papel predominante, comparativamente à família, como fonte de construção da sua identidade.
Autoconfiança
Além disso, outro aspeto de extrema importância e peça fundamental da autoestima é a autoconfiança. Ela desenvolve-se quando a criança tem a possibilidade de emitir um comportamento e produzir consequências no seu ambiente. Para tal necessita de autonomia suficiente para explorar aquilo que se encontra à sua volta, permitindo que a criança se sinta capaz e segura.
Quando, em contraponto, a mãe faz tudo ao filho, ocorre um apego exagerado entre eles, gerando medo e insegurança e a separação à mãe, mesmo que seja por um curto espaço de tempo, torna-se extremamente insuportável provocando choro, birras e, mais tarde, caso não seja alterada a situação, fobias sociais e depressões clínicas. Em adulto torna-se dependente dos outros para lidar com as situações da vida, gostando de si em exagero, apresentando-se pouco sensível às necessidades dos outros.
O ideal é que os pais estejam presentes e adequem o seu comportamento às habilidades da criança e ao grau de dificuldade da tarefa. Sempre que o filho demonstre que a sua habilidade evoluiu, o pai deve reduzir progressivamente a ajuda até que a tarefa seja realizada sem hesitação e com autonomia.
Em suma…
E como a autoestima e a autoconfiança interferem em todas as atividades mundanas, desde a relação com os pais, os filhos e os pares, até ao rendimento escolar, vida conjugal, sexual e profissional, dê-se ao prazer de se conhecer, através de atividades que lhe proporcionem prazer e que esteja capaz de desenvolver sozinho, ultrapassando obstáculos e possuindo, a pouco-e-pouco, a capacidade de perceber que é dono da sua vida e que nada mais há de valor do que si mesmo, em comunhão harmoniosa com os outros.
Clara Conde