O ingresso num novo ambiente escolar é uma experiência stressora para os jovens estudantes, uma vez que surge a necessidade imperial, nestas ocasiões, de desenvolver novas relações interpessoais, de participar em atividades sociais de modo a ser possível a integração num novo contexto e a criação de estratégias para lidar com as frustrações e dificuldades.
Para além de, nestas circunstâncias, se exige um esforço de adaptação do indivíduo, seja no sentido de corresponder às exigências de desempenho, seja no sentido de se adaptar a novas regras da instituição e a novas pessoas, como colegas, professores e funcionários, superando a timidez. A referir também que as novas experiências escolares oferecem ferramentas para o desenvolvimento do juízo crítico, facilitando a emergência de atitudes mais autónomas.
Deste modo, ao lidar com as dificuldades, o jovem pode recorrer aos pais, aos amigos e mesmo aos professores. No entanto, os pais são percebidos como fontes de apoio fundamental, apesar da presença dos amigos.
Assim, a perceção do apoio emocional por parte dos pais, a reciprocidade nas relações pais-filhos, o diálogo familiar e o apoio parental específico em questões relativas à transição contribuem para a adaptação.
Além disso, os vínculos afetivos com os colegas, as relações com os professores, as atividades extracurriculares também são também fatores importantes nesta experiência de mudança.
De fato, a vivência trazida pelos estudantes mostrou que os vínculos afetivos com os colegas são essenciais para a adaptação. Além do sentimento de pertencer a um grupo, as amizades possibilitam a partilha de experiências e o apoio em caso de dificuldades.
Já os professores influenciam o envolvimento do aluno em função da forma como preparam e ministram as suas aulas e se relacionam com os alunos. Professores interessados em que os alunos aprendam parecem funcionar como estímulo para a adesão ao curso, ao passo que professores desinteressados estimulam o desinteresse. Paralelamente à relação professor-aluno, as atividades extracurriculares também auxiliam na adaptação, na medida em que possibilitam aos alunos integrarem-se ainda mais na dinâmica do curso, conhecendo mais colegas e professores, e ainda tendo a oportunidade de explorar aspetos da formação não contemplados nas aulas.
Por outro lado, alguns alunos conseguem enfrentar as dificuldades e interpretá-las como se fossem desafios a serem superados (são pró-ativos), enquanto outros as vêm como barreiras intransponíveis. Esta última situação pode resultar de uma atitude passiva frente àquilo que é percebido como frustrante, paralisando os comportamentos.
Desta forma, quando não ocorre uma adaptação eficaz, essa nova situação gera problemas emocionais que interferem no desempenho académico, ocasionando situações de isolamento, abandono escolar, desânimo, dificuldades na aprendizagem e nos relacionamentos interpessoais.
Assim, é preciso oferecer serviços especializados que possam dar atenção àqueles estudantes que venham a deparar-se com maiores dificuldades de adaptação, seja por estarem longe da família, por não se sentirem capazes para fazer amigos, por não conseguirem organizar-se para dar conta das exigências escolares ou mesmo por apresentarem outros problemas pessoais (de autoestima, falta de competências interpessoais, inibição e retraimento) que possam interferir no seu funcionamento quotidiano.
Clara Conde